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Foto: Renan Mattos (Diário)
Circulação de pessoas no Centro por volta de 9h30min
As consequências da reclassificação da bandeira da região de Santa Maria para vermelha foram evidentes já na manhã desta segunda-feira nas áreas centrais da cidade. No geral, os estabelecimentos cumpriram as medidas impostas pelo governo estadual, dentro do modelo de distanciamento controlado, e os serviços considerados não essenciais não abriram as portas. Pelo Calçadão e Rua do Acampamento, principais pontos de comércio na cidade, o que mais se viu foram fachadas e vitrines cobertas pelos portões e cortinas de ferro, trancadas com cadeados. Entretanto, a circulação de pessoas e veículos seguiu semelhante ao visto em tempos de bandeira laranja. A população não se intimidou com o frio e o tempo nublado.
Pela manhã, alguns comerciantes ainda se adequavam às novas medidas. Em estabelecimentos que não são mais autorizados a abrir, como lojas de calçados e roupas, funcionários ainda colavam cartazes explicativos nas fachadas e conversavam com clientes que foram pegos de surpresa com as medidas e não estavam cientes da mudança na situação da região.
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Foto: Renan Mattos (Diário)
Cartazes explicativos foram fixados pelos comerciantes nas fachadas das lojas
Na Confeitaria Cobacana, até 9h15min, cinco clientes haviam chegado sem saber das novas medidas e foram impedidos de lanchar no ambiente interno, já que para este tipo de estabelecimento é permitido apenas a tele-entrega e o serviço de pegue e leve. Conforme uma das proprietárias, Tatiana Segala, a Confeitaria ainda se recuperava dos prejuízos com o período sem vendas entre fim de março e começo de abril:
- Estávamos tentando nos equilibrar, pagando as dívidas. Mas, agora, não sei como vai ser, a gente está no escuro. Eu concordo com os cuidados com as pessoas, mas não com o encerramento do comércio.
Antes de abrir, os funcionários tiveram que adequar o espaço, que funcionava normalmente até o sábado, para as novas medidas. Um balcão foi posicionado na entrada para impedir que clientes acessem a área com mesas.
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Foto: Renan Mattos (Diário)
Muitas eram as lojas fechadas pela manhã
A desempregada Rejane Carvalho, de 37 anos, foi uma das que buscou um serviço e teve que voltar para casa sem ser atendida. Ela foi até a loja de uma operadora de telefonia no Calçadão e não conseguiu ter a demanda atendida. Vendedora, Rejane perdeu o emprego após a loja onde trabalhava ter fechado em consequência da pandemia. Ela defende as medidas de prevenção ao coronavírus, mas sem o fechamento dos serviços.
- Acho que tem que ter mais fiscalização. Muita gente vem para o Centro sem necessidade. O comércio não precisaria fechar completamente, mas reduzir o funcionamento apenas para a manhã, por exemplo, para as pessoas que realmente precisam do serviço - argumenta.
A auxiliar de limpeza Selma Ribeiro, de 46 anos, observava vitrines de lojas fechadas em uma das galerias anexas ao Calçadão. Afastada do trabalho, ela saiu de casa para uma consulta dentária.
- Concordo com as regras. Precisamos melhorar, e o pessoal não colabora, não se conscientiza - resume.
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Foto: Renan Mattos (Diário)
O assunto está longe de ser unânime. O radialista aposentado Luiz Augusto Siqueira, de 57 anos, é contra o fechamento do comércio. Ele acredita que, tomados os devidos cuidados e com pessoas do grupo de risco isoladas em casa, é possível manter os estabelecimentos em funcionamento.
- Acho um exagero. Procuro me informar de várias formas, claro que existem fake news, mas acho um exagero por causa das manipulações que estão sendo feitas em cima dos dados da doença - explica.
Por volta de 10h30min, duas equipes de fiscalização da prefeitura, com o apoio de agentes da Guarda Municipal, saíram da praça Saldanha Marinho e circularam pela Rua do Acampamento e pelo Calçadão. Conforme a prefeitura, 18 estabelecimentos comerciais foram vistoriados durante a segunda-feira. Houve somente um caso atípico, onde o proprietário de um estabelecimento comercial se recusou a fechar. Após conversa com os agentes públicos, ele optou pelo fechamento.
O movimento no transporte público também não teve uma mudança visível. Às 10h, 23 pessoas aguardavam por ônibus no Paradão da Avenida Rio Branco.
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Foto: Renan Mattos (Diário)
Procura pelo serviço de transporte público seguiu alta
As agências bancárias, principal foco de aglomerações em semanas anteriores, não tiveram grandes filas pela manhã. Na Caixa, uma média de 15 pessoas aguardavam atendimento, respeitando o distanciamento mínimo de 1,5m.
*colaborou Felipe Backes